segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ou isto ou aquilo

 Ou isto ou aquilo




O dono da usina, entrevistado, explicou ao repórter que a situação é grave. Há excedente de leite no país, e o consumo não dá pra absorver a produção intensiva:

– Uma calamidade. Imagine o senhor que o jornal aqui do município reclama contra a poluição do rio, que está coberto por uma camada alvacenta. Não é nenhum corpo estranho não, é leite. Estão jogando leite no rio porque não têm mais onde jogar. Os bueiros estão entupidos. A população, como o senhor deve saber, é insuficiente para beber toda essa leitalhada ou comê-la em forma de queijo, requeijão, manteiga e coisinhas.

– Insuficiente? Parece que a produção de crianças ainda é maior que a produção de leite.

– Numericamente sim, mas não têm capacidade econômica para beber leite. Têm apenas boca, entende? Então nada feito. Se falta dinheiro aos pais dos garotos para adquirir o produto, ainda bem que se joga leite fora, em vez de jogar os garotos.
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Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987)   Contos Plausíveis (com 150 ilustrações de Márcia e Irene), José Olympio Editora, 2ª edição, 1985, Rio de Janeiro  RJ.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Rainha de Espadas: As cartas na terapia.

A Rainha de Espadas: As cartas na terapia.: Dei uma arrumada no visual do blog! E para estrear resolvi postar esse texto que escrevi já faz um tempo! Muito além de ser apenas um ...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dos pés



Dos pés

Diante da proposta da minha professora da arte da dança do ventre, resolvi tomar pé (trocadilho besta, né?) do assunto e expor uma opinião. Lá vamos nós.

Começa que minha opinião não é definitiva nem imutável, mas apenas uma visão que tenho no momento do que os pés representam para mim.

Os pés são dois. Não são iguais e jamais pretenderão ser assim. Cada um do seu lado. Mas um está sempre dependendo do outro.

Não tenho fetiches com pés. Quanto aos meus, gosto de vê-los. Não os acho feios, mas há dias em que estão realmente mal-arrumados. Curto unhas pintadas, calcanhares lisos e hidratados. Já descobri que para ficarem lindinhos como eu gosto, preciso escolher os calçados certos, senão todo esforço em mantê-los como gosto são em vão.

Meus pés andam. Flanam. Passeiam. 

Os meus pés correm. Percorrem. Alcançam.

Estes meus pés dançam. Respondem ao que minha alma pede. Ao que a vontade ordena. Se ela diz: “vá ser feliz!” é porque provavelmente está tocando música. Uma melodia. Qualquer som, nem que seja de colher na panela ou de cascas de coco batendo. Os meus pés mexem. Logo põem meu corpo no reflexo.

Sinto prazer através dos pés. Piso na areia da praia e recebo massagem. Sinto a água do mar e refresco. Depois de um dia cansativo, se os mergulho na bacia de água morninha, eles levam o relaxamento ao resto do corpo.

Massageio meus pés. E gosto de neles receber massagem (de preferência quando estão em ordem, daquele jeitinho que já falei que gosto). 

Já fiz massagem em pés alheios: de amores que tenho e tive. De quem precisava melhorar a saúde. De quem eu senti que precisava de uma descarga de boa energia através de um toque amoroso.

Meus pés já chutaram. Muito! Bola, pedrinha, parede, ar e até barriga – é, isso mesmo. Não vim de casca de ovo. 

Já tive chulé, unha encravada, calo. Já furei, entrou farpa. Cortei. Ralei. Mas curei. E estão aqui. 

Quando me alongo, toco neles. Quando medito sentada, eles se juntam. Talvez troquem confidências. Talvez só troquem energias. Juntos, trocam o passo. E eu, sigo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Torre que rui

Já pensou que tudo o que parece desmoronar é, na verdade, a quebra de sua casquinha de proteção?
Te joga! Depois limpa os escombros.
O importante que a vida tem a ensinar é que é muito bom estar vivo, não anestesiado.

Conselho do dia: tá trincado? Cedo ou tarde racha. Deixa ruir. Vai que a próxima coisa a ser construída não sai até melhor?

Boa tarde.

sábado, 1 de setembro de 2012

Mote para um próximo texto

Bom, nao posso exigir seu amor. Mas posso tentar dar motivos pra vc descobrir como gostar de mim. -- Manjericão Abranda (@manjericaoabran)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Marasmo ou egoísmo?

Com o coração cada vez mais afastado da sala de aula, escrevo sobre o novo ritmo de vida a que desejo me impulsionar.

Não é desabafo, não estou compartilhando. Como disse a mim mesma, escrevo porque é terapêutico.

Estou cansando de estudar, preparar material, estratégias e, quando me dirijo a uma sala de aula, encontro desinteresse, descaso, resistência em aprender, preguiça, incompreensão do papel que minha profissão tem para a cidade. Nem vou levar em consideração o mundo.

Não é a idade - alguém poderia me perguntar essa gracinha - nem os cabelos brancos, atualmente ultra-bem-disfarçados. O que eu acho que está me ocorrendo é a falta de tesão em trabalhar tendo que ensinar.

Pode me chamar de egoísta. Tô sim. E me sentindo cada vez mais sem necessidade de me desgastar para melhorar meu entorno. Eu penso que seja fase. Não sei quando há de passar.

Mas o mais interessante não é o desânimo que qualquer "ensinador" tem de vez em quando. O que me parece meio paradoxal, antitésico (neologismo? eu teria dito até "antitético") é que não me vejo ainda em outra profissão.

Gosto muito de me empenhar em aprender coisas novas. Logo, sou uma estudante de carteirinha, uma eterna aprendedora (valia aqui aprendiz, mas cansei da palavra, se você me permite). O natural é que eu repasse aquilo que sei, que aprendi, que estou aprendendo. O entrave aqui é: pra quê? A troco de que eu iria dividir o que eu aprendi? Só se fosse com quem quer. Neste momento, não me disponho a conquistar a atenção nem a despertar o interesse de criatura nenhuma.

Se você aí que leu este post(zinho) tiver alguma opinião, diga. Quem sabe movimente algo aqui dentro.